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Cérebro e intestino: uma parceria para dar certo

Há importante relação entre a saúde do intestino e as doenças neurológicas e degenerativas; desequilíbrio intestinal causa falha na absorção de nutrientes e compromete funcionamento dos órgãos

 

O cérebro e o intestino têm muito mais a ver do que podemos imaginar. Inclusive, o intestino é considerado como um “segundo cérebro”, pois, no abdômen – onde o órgão está localizado – existem aproximadamente 500 milhões de células nervosas. Além disso, as bactérias presentes nele, que compõem a microbiota (popularmente conhecida como flora intestinal), exercem papel decisivo para a saúde, podem influenciar no bem-estar, na felicidade e, por outro lado, também podem ter relação com doenças neurológicas e degenerativas. 

Diferentemente do que se acreditava antigamente, o intestino não é apenas responsável por fazer a movimentação das fezes. Atualmente, ele é compreendido como um órgão mais complexo que tem comunicação direta com o cérebro, feita pelo nervo vago, uma estrutura que passa pelo tórax e liga o sistema gastrointestinal ao encéfalo. “O abdômen manda mensagem para o cérebro assim como o cérebro manda mensagem para o intestino. Por isso que diante de situação de estresse, por exemplo, a pessoa tem sensação de frio na barriga ou até sente vontade de ir ao banheiro. Quem tem ansiedade pode ficar com o intestino hiperativo ou desenvolver a síndrome do intestino irritável”, comenta a neuropediatra Daniela Godoy, da Clínica N3 – Neurologia, Neurocirurgia e Neuropediatria.

O intestino é um dos maiores órgãos do corpo humano, ele é responsável pela absorção de substâncias e está envolvido em processos que são cruciais para o organismo. Sem ele, os nutrientes não são absorvidos e não há o funcionamento de quase nenhum órgão. No intestino há liberação de várias substâncias importantes para o cérebro, inclusive, os neurônios intestinais são responsáveis por cerca de 90% da serotonina do corpo e esse neurotransmissor é importantíssimo, visto que ele ajuda a regular funções como humor, ansiedade, apetite, sono, ritmo cardíaco, ansiedade, temperatura corporal e emoções.

Você é o que você come

A forma que nos alimentamos interfere significativamente nos micro-organismos encontrados no intestino, pois a microbiota precisa estar em equilíbrio para cumprir seu papel de forma positiva, ajudando a digerir os alimentos e protegendo o organismo de infecção. Atualmente, existe uma teoria sobre a influencia da alimentação inadequada na inflamação intestinal. Uma vez inflamado, o intestino produz substâncias que causam desarranjo das bactérias e, num ambiente com inflamação, a temperatura aumenta, consequentemente, as bactérias boas morrem e, com isso, o intestino para de funcionar bem e pode desencadear problemas no organismo. 

Atualmente, um grande vilão é a alimentação rica em ultraprocessados e em gordura, que desequilibram a microbiota e podem causar doenças. Outro exemplo é o glúten, que, conforme mostram algumas pesquisas, influencia negativamente na concentração e na disposição das pessoas.

 Estudos recentes sugerem também que a composição de bactérias intestinais pode ser alterada pelos altos níveis de estresse e, consequentemente, essa modificação pode influenciar no desencadeamento de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. 

Para prevenir várias doenças, a orientação da neuropediatra é a manutenção de uma alimentação saudável, natural, rica em fibras e com nutrientes diferenciados como legumes e verduras e ingestão de uma quantidade adequada de água (de dois a três litros por dia). “Esses hábitos favorecem o crescimento de uma microbiota saudável, um bom funcionamento do intestino e do corpo. Se eu não me alimento bem, as bactérias ruins vão prevalecer e promover doenças”, frisa doutora Daniela.

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