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Sentir dor não é normal

É importante observar a frequência e a intensidade da dor e buscar ajuda profissional capacitada para fechamento do diagnóstico e condução do tratamento

A dor acomete uma grande parcela da população e, independentemente da causa e tipo, revela que algo não vai bem e pode indicar algum risco ou alerta para o organismo. A Associação Internacional para Estudo da Dor (Iasp) define a dor como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. Quem nunca reclamou de uma dor de cabeça, de garganta ou em alguma outra parte do corpo? Embora seja uma sensação normal, normal mesmo é não sentir dor.

Mas, você sabe como “surge” esse desconforto? A dor ocorre por meio de estímulos enviados pelos nervos ao cérebro que, por sua vez, estimula o córtex motor e esse libera uma reação que chega ao local da dor por meio dos nervos, ou seja, o organismo é estimulado a liberar reações dolorosas.

Basicamente, as dores podem ser classificadas em três grupos principais: aguda (é uma reação do organismo a algo instantâneo – pode ter duração de até três semanas), subaguda (manifesta-se de três semanas a três meses) e crônica (dura mais de três meses).

A dor crônica também é subdividida em três grupos. A nociceptiva ou inflamatória é produzida por uma atividade neural normal a um estímulo causador de um dano; normalmente ocorre em situações como pós-operatório, por lesão, traumatismo, na lombar devido a uma hérnia de disco, isquemia ou infecção, por exemplo.

A dor neuropática é diferente porque resulta de uma lesão que afeta o sistema nervoso, seja periférico ou central. Esse tipo de dor pode surgir após um acidente vascular cerebral (AVC), de uma compressão de raiz nervosa, nevralgia do trigêmeo (assim chamado porque possui três ramos: oftálmico, mandibular e o maxilar) ou mesmo a polineuropatia (seja diabética ou periférica). O terceiro tipo é a dor mista, que tem componente nociceptivo e neuropático (exemplos: enxaqueca e herpes-zóster).

Não negligenciar a dor

O neurocirurgião Dr. Carlos Zicarelli, da Clínica N3 – Neurologia, Neurocirurgia e Neuropediatria, alerta que a dor crônica pode causar o fenômeno de catastrofização no qual o paciente evolui com alterações sociais, psicológicas e físicas. A dor crônica normalmente acompanha ansiedade, depressão, fadiga muscular, sedentarismo, aumenta por alterações musculares, além de outras mudanças biológicas como síndrome do intestino irritável e inflamações articulares. “Isso gera uma alteração neurobiológica complexa multifatorial que causa incapacidade, perpetuação da dor e torna-se um círculo vicioso”, observa.

Estar atento aos incômodos do corpo, observar a frequência e a intensidade da dor e buscar ajuda profissional adequada que faça o diagnóstico e proponha a melhor forma de tratamento é indispensável. O acompanhamento multidisciplinar é a melhor alternativa para tratar dores crônicas. A fisioterapia ou a fisiatria e o uso de medicamentos para dor crônica (há vários tipos que vão desde anti-inflamatórios até anticonvulsivantes) são propostas eficazes de tratamento. Em alguns pacientes também é empregado o tratamento cirúrgico com infiltrações minimamente invasivas para entrega de medicamentos no local da dor.

Implante de eletrodo

Nos casos em que os tratamentos convencionais com medicamentos e fisioterapias já foram utilizados e mesmo assim há comprovação da refratariedade da dor por pelo menos seis meses e perda da qualidade de vida, há indicação para neuromodulação invasiva. “Quando há uma dor com característica neurogênica, que demarca um território de um dermátomo no trajeto de um nervo, por exemplo, podemos pensar que esse paciente tem critérios para indicação da neuromodulação com implante de eletrodo, seja o medular ou o eletrodo que é colocado diretamente no nervo, na raiz do gânglio dorsal”, acrescenta o neurocirurgião da N3.

O implante de eletrodo para tratamento e combate de dor crônica é um procedimento inovador que tem surtido resultados positivos entre os pacientes. Confira um dos casos de sucesso do Dr. Zicarelli na matéria do blog: https://www.clinican3.com.br/2022/08/26/apos-implante-de-eletrodos-para-dor-cronica-paciente-vislumbra-ter-sua-vida-de-volta/




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