Família e escola: uma parceria importante para identificar atrasos no desenvolvimento
Ambas têm o papel de dar suporte emocional e pedagógico para que a criança se desenvolva de forma adequada
Antes de falarmos em atrasos, é necessário conhecer os marcos do desenvolvimento infantil, que consistem em um conjunto de habilidades que as crianças devem atingir em determinadas faixas etárias. Embora o desenvolvimento não ocorra de maneira igual, existem aspectos (motores, de linguagem, cognitivos e socioemocionais) que precisam ser alcançados e que são parâmetros para identificar se a criança está dentro do esperado ou se há algum atraso.
O desenvolvimento é constante e pode ser notado já nos primeiros dias de vida. Primeiramente há o contato visual com a mãe durante a amamentação e nos meses seguintes, o olhar fixo para o rosto das pessoas e a percepção dos movimentos dos lábios que culmina no início do balbuciar – a fala rudimentar. Neste momento já é possível observar se a criança enxerga bem, ouve bem e se a parte de cognição também está bem. Estar atento às janelas de tempo é fundamental para identificar se há algum atraso.
“Quando a criança não alcança esses marcos do desenvolvimento socioemocional, é um sinal de alerta para o pediatra, que precisa investigar os motivos e, inclusive, encaminhá-la a um neuropediatra”, observa a Dra. Daniela Godoy, neuropediatra da Clínica N3 – Neurologia, Neurocirurgia e Neuropediatria. Vale ressaltar que as idades dos marcos não são definidas de forma precisa, pois, dentro de um limite, pode haver variações de criança para criança.
Causas de atraso
O atraso no desenvolvimento pode estar relacionado a fatores genéticos, ambientais e neurológicos. As principais causas são: dificuldade de audição, baixa visão (que pode estar associada a alguma síndrome genética – e não é muito comum em bebês) e os transtornos do neurodesenvolvimento, principalmente o Transtorno do Espectro Autista (TEA), cuja prevalência é de um para 36 meninos, sendo quatro vezes mais frequente que em meninas.
A Síndrome de Down é a causa genética mais comum – causa atrasos no desenvolvimento, principalmente na parte motora, mas também dificuldades cognitivas, como atraso na fala (embora a criança possa adquiri-la).
Na escola
Um momento importante de descobertas para as crianças é a Educação Infantil. É nessa etapa da vida escolar que os alunos conhecem a si mesmos, observam o ambiente em volta e se relacionam de maneira lúdica com o outro. As professoras têm a formação necessária para avaliar quando a criança não está acompanhando o esperado para a sua idade. Quando é iniciado o processo de alfabetização, inclusive, normalmente a escola tem a capacidade para identificar distúrbios de aprendizagem, como a Dislexia e o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), e encaminhar o aluno (por meio da família) para acompanhamento especializado.
A neuropediatra da Clínica N3 enfatiza que o papel da escola e da família é dar suporte emocional e pedagógico para que o desenvolvimento aconteça de forma adequada. É fundamental relatar sempre que houver mudanças na evolução da criança, tanto positiva quanto negativa, relatar qualquer desvio da normalidade, mesmo que seja leve, para que a família procure ajuda o mais rápido possível.
Diagnóstico
O diagnóstico precoce é muito positivo: “Quando abordamos uma criança que ainda tem o cérebro em desenvolvimento, temos mais facilidade para moldá-lo, é a famosa neuroplasticidade; quando conseguimos intervir de forma intensa e precoce, podemos mudar o prognóstico destas crianças”, afirma.