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Como anda a sua saúde mental?

Durante este mês é realizada a campanha Janeiro Branco, que tem o objetivo de chamar a atenção dos brasileiros para questões relacionadas à saúde mental

A chegada de um novo ano é como uma tela em branco que traz expectativas e ao mesmo tempo motiva as pessoas a repensar suas vidas e a traçar metas e planos para os próximos meses que virão. Para muitos, é como uma injeção de ânimo, para outros, o novo ciclo pode representar um fardo a ser carregado. Tudo depende de como está a saúde mental. Com o intuito de conscientizar a população sobre os problemas relacionados ao tema, no primeiro mês do ano é realizada a campanha Janeiro Branco, com ações conduzidas em todo o país.

A proposta ganhou vida em 2014, por iniciativa de psicólogos de Uberlândia (Minas Gerais) em resposta ao aumento das taxas de doenças como depressão e ansiedade, que só têm crescido nos últimos anos.  Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em 2019, o Brasil já era considerado o país mais ansioso do mundo (9,3%) e o segundo com mais casos de depressão (5,8%) da América Latina e das Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Antes da pandemia, eram quase 19 milhões de brasileiros convivendo com esses transtornos psicológicos.

A psicóloga especialista em neuropsicologia, Samanta Cóser, da Clínica N3, observa que a saúde mental é o que há de mais precioso, pois quando ela não está em dia, a vida não vai bem. “Se mantemos a mente preservada, saudável, conseguimos ter recursos para dar conta de todo o resto, sejam problemas ou compromissos que temos de cumprir. Sem saúde mental ficamos limitados”, comenta.

Ela orienta que para identificar se algo não está bem com a saúde mental é necessário observar alguns sinais como irritabilidade, mudança brusca de comportamento, perda de vontade de fazer coisas que antes eram prazerosas, sentimento de isolamento, ansiedade e aumento de tristeza. Reconhecendo que alguma coisa não está em dia emocionalmente, o ideal é buscar ajuda de um profissional especializado. 

“A mesma atenção que damos à saúde física deve ser dada à saúde mental. Diante de qualquer sintoma emocional, a procura por um especialista deve ser imediata, pois é o profissional que terá expertise para ajudar da forma correta”, frisa. O psicólogo pode auxiliar com a terapia e, se necessário, encaminhar o paciente para um psiquiatra, que pode prescrever medicamentos para auxiliar no tratamento.

 

Como prevenir?

 

Existem alguns hábitos que são fundamentais para ajudar na prevenção: garantir uma boa qualidade de sono para que o corpo possa descansar e se recuperar, optar por uma alimentação de qualidade para manter o corpo saudável e, assim, dar conta do que ele precisa fazer. Também é importante ter horários fixos para dormir, acordar, se alimentar, praticar atividades físicas (ainda que seja em casa). 

Manter o contato com as pessoas é outra dica valiosa, mesmo que seja necessário estar isolado fisicamente. “As ferramentas tecnológicas proporcionam inúmeras formas de se fazer presente na vida do outro, seja por mensagem, por ligação ou por chamada de vídeo. É importante alimentar o universo da interação social dentro da família e fora dela com os amigos”, recomenda a psicóloga Samanta. 

Outras formas de prevenir transtornos de saúde mental é fazer meditação, respiração para controle de crises de ansiedade, tentar o máximo possível ficar longe de informações desnecessárias excessivas e manter as atividades mais próximas das que eram feitas antes da pandemia, desde que elas sejam benéficas e possam trazer bem-estar.

 

É hora de fortalecer hábitos positivos

 

O número de pessoas com sintomas de depressão, ansiedade e pânico aumentou significativamente com a pandemia. Não é para menos, afinal, do dia para a noite surgiu um clima de muita tensão e incertezas, além de que as pessoas tiveram de se adaptar a uma nova rotina baseada nas medidas restritivas impostas pela covid-19.

O neurologista Dr. Leonardo Camargo, da Clínica N3, afirma que é possível encontrar opções benéficas à saúde mental mesmo no momento difícil pelo qual o mundo está passando. Fazer algo que ama, estar com a família, ter algum hobby e viver de maneira mais leve tem muita relevância do ponto de vista neurobioquímico e neurofisiológico, segundo ele. “É importante fortalecer hábitos positivos e evitar situações de estresse, sempre que possível”, orienta. 

Toda vez que se tem sensações de prazer com lazer, atividade física e estreitamento de laços com as pessoas são liberados vários neurotransmissores, dentre eles a dopamina, a serotonina, a ocitocina e a endorfina, substâncias produzidas pelo cérebro que dão sensação de bem-estar. “Devemos estimular diariamente a produção desses neurotransmissores que são tão benéficos à saúde mental”, recomenda.

No momento difícil de pandemia causada pelo coronavírus e consequente epidemia de falta de saúde mental, o neurologista encontrou formas de olhar mais para si, de se conhecer melhor e cuidar da saúde diante da grande demanda profissional que surgiu. “Comecei a dedicar mais tempo para a minha família, mesmo tendo que trabalhar mais, e eu vi que isso era possível e me fazia bem”, relata. 

Uma das formas que o Dr. Leonardo Camargo encontrou foi manter atividades com a família. Ele, a esposa e os filhos passaram a se exercitar juntos. “Por mais que eu estivesse jogando tênis com a minha esposa e meus filhos estivessem na natação, estávamos no mesmo lugar, e acabamos criando laços maiores nesse tempo”, afirma. Ele, que sempre gostou de artes plásticas, e havia esquecido disso há muito tempo, também resolveu retomar a paixão fazendo um curso de cerâmica com sua esposa. 

Com a experiência adquirida nos últimos dois anos, o neurologista comenta que aprendeu que é possível organizar a agenda e manter um hobby junto das pessoas que ama aumentando assim a produção, utilização e o funcionamento dos neurotransmissores que causam bem-estar, geram prazer e, consequentemente, diminuem as chances de desenvolver doenças psíquicas e instabilidade da saúde mental. “É uma forma de viver melhor, de ser mais feliz e de valorizar pequenas coisas e pequenas conquistas”, completa.

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