Seg - Sex 08:00 - 18:00 | Sábado 08:00 - 12:00+55 (43) 3373-8300recepcao@clinican3.com.br +55 (43) 3373-8300
Equipe multidisciplinar
Um time completo em um único local

Sequelas neurológicas do abuso sexual infantil

Os sintomas causados pela violência sexual podem desencadear transtornos psiquiátricos graves como depressão, esquizofrenia, transtornos bipolares e, inclusive, levar ao suicídio

Uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano é a infância. Um evento traumático como o abuso sexual pode ser determinante para a o restante da vida, causando, inclusive, sequelas neurológicas graves. Só nos primeiros quatro meses deste ano, o governo registrou 2.800 denúncias de violências contra crianças e adolescentes, de acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. É dentro de casa que ocorre a maior parte de casos de abuso infantil: 90%, sendo que cerca de 30% deles são cometidos pelos próprios pais.

Em alusão ao Dia de Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, comemorado no próximo dia 18, durante este mês é realizada a campanha Maio Laranja, que visa tirar o tema da invisibilidade por meio da informação, sensibilização e mobilização da sociedade.

A neuropediatra Daniela Godoy, da Clínica N3, de Londrina (PR), explica que, quando há um abuso sexual, a parte funcional do cérebro pode ser afetada e as redes neurais serem transformadas. Essa alteração ocorre, de acordo com ela, porque há liberação de muitas substâncias estressoras do cérebro. “Isso modifica o cérebro para toda a vida, pois ele aprende a funcionar dessa forma e a pessoa passa a viver em constante sofrimento”, esclarece.

A violência sexual pode gerar isolamento, medo, insônia, queda no rendimento escolar, dificuldade de concentração, mudanças de humor e de comportamento, por exemplo. Em longo prazo, esses sintomas podem desencadear transtornos psiquiátricos graves como depressão, esquizofrenia, transtornos bipolares e, inclusive, causar o pior desfecho, que é o suicídio. De acordo com a doutora Daniela, esses transtornos estão muito ligados à genética e, nesses casos, o abuso é um gatilho para abrir o quadro.

As sequelas podem ser reversíveis, mas, para isso, a criança ou o adolescente precisa contar com uma rede de apoio que o ajude a reagir após o evento traumático. O tratamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar que inclua médico, psicólogo, assistente social, família e escola. “As vítimas precisam receber apoio e nunca julgamento”, frisa a neuropediatra.

Os danos mais comuns causados por esse tipo de violência incluem: lembranças persistentes do ocorrido, reações físicas como sudorese, coração acelerado, náuseas, tremores, sensação de morte, comportamento de esquiva diante de situações que tragam a lembrança dolorosa e agressividade frente a ocasiões que lembrem o estresse. A vítima também pode apresentar dificuldades em confiar nas outras pessoas, perder interesse em atividades que antes lhe davam prazer, e também sentir culpa e vergonha.

É natural ficar abalado após uma experiência ruim, mas, para algumas pessoas estes sentimentos ou pensamentos podem surgir mesmo após meses ou anos do ocorrido. Em alguns casos, inclusive, é desencadeado o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), um transtorno ansioso que demanda ajuda profissional e, por vezes, uso de medicamentos.

Fique atento e denuncie

Para identificar se há um caso de abuso, os pais e as pessoas próximas devem ficar de olho na conduta da criança e/ou adolescente. Muitas vezes, a vítima muda de comportamento quando está perto do abusador que, em muitos casos, deveria ser o adulto responsável por sua proteção e, ao contrário, aproveita dela. Normalmente, os abusadores têm histórico de abuso e são pessoas que ameaçam a vítima para evitar a denúncia contra eles, dizendo que vão matar o pai e a mãe da criança ou adolescente.

Diante de uma situação de abuso, é fundamental procurar ajuda e fazer a denúncia para interromper a violência, proteger as crianças e os adolescentes e garantir uma plena assistência médica e psicológica às vítimas. Disque 100, delegacia, Conselho Tutelar e Ministério Público são alguns dos canais de denúncia.

× WhatsApp