Você tem cuidado corretamente do seu cérebro?

Sedentarismo, alimentação desequilibrada e tabagismo são alguns vilões que aumentam o risco de surgimento de doenças neurológicas; saiba como cuidar da saúde do principal órgão do sistema nervoso

Com ele pensamos, raciocinamos, temos sentimentos e movimentos. É nele que os neurônios estabelecem conexões entre si diante de estímulos do próprio organismo ou do ambiente externo. O cérebro, um dos órgãos mais importantes da biologia humana, tem papel fundamental na vida de todas as pessoas, por isso, cuidar desse órgão tão valioso é indispensável para a saúde e uma boa qualidade de vida. Em alusão ao Dia Mundial do Cérebro, comemorado em 22 de julho, preparamos esta matéria com dicas de como prevenir o surgimento de doenças neurológicas.

Primeiramente, é necessário entender que, quando nos referimos a doenças neurológicas, há centenas de tipos, que podem ser hereditários, do sistema nervoso central, do sistema nervoso periférico, doenças autoimunes e tantos outros. Trataremos aqui das mais frequentes, e que causam mais dúvidas nos pacientes: Acidente Vascular Cerebral (AVC), Alzheimer, Parkinson, enxaquecas e epilepsias. O surgimento dessas doenças pode diminuir significativamente com a mudança de alguns hábitos no dia a dia.

Estudos comprovam que a prática de exercícios físicos (ao menos três vezes na semana) e uma dieta saudável diminuem em até 55% o risco de AVC (doença que tem potencial maior de prevenção). Já aliar esses cuidados ao controle do peso corporal, evitando o tabagismo e tratando as condições de base (como hipertensão e diabetes) é uma forma de diminuir o risco de problemas cardiovasculares em até 80%.

O neurologista e fellow em Neuroimunologia, Dr. Luiz Fellipe Aliberti, da Clínica N3 – Neurologia, Neurocirurgia e Neuropediatria, comenta que no caso do Alzheimer, explica, a doença não ocorre por questões hereditárias; em 98% dos casos, ela é desenvolvida por condições inerentes ao próprio paciente. “Alguns fatores que impactam no histórico de vida podem ocasionar um aumento de risco de ter um quadro demencial como o Alzheimer. Quanto menos agressão o cérebro sofrer com pressão alta, com trauma, quadros de AVC, e quanto mais o corpo estiver preparado para fornecer macro e micronutrientes para o cérebro, menor será esse risco”, observa.

Deixar de lado os hábitos ruins (como tabagismo, sedentarismo e alimentação de má qualidade) e ‘virar a chave’ para ativar uma vida mais saudável é o passo fundamental para diminuir a possibilidade de surgimento de doenças neurológicas. Dentre os principais fatores de prevenção, o neurologista cita a prática de atividades aeróbicas ao menos três vezes na semana, vitamina B12 e ácido fólico em dia, alimentação com dieta equilibrada (como opção, ele cita a Mediterrânea), controle da pressão arterial, de diabetes, e tireoide funcionando corretamente.

Outro ponto muito importante é o treinamento cognitivo. “Quanto mais você utilizar a parte mental, menor será o risco de ter declínio das funções cognitivas, condição que leva à demência, por exemplo”, completa.

 

Crianças

 

De acordo com o Dr. Aliberti, a prevenção deve começar até mesmo antes da gestação, com os cuidados da mãe, inclusive. As que têm doenças neurológicas, por exemplo, devem ter acompanhamento do médico e, se necessário, fazerem a troca do medicamento. Durante a gestação, devem usar ácido fólico para ajudar a prevenir alguma doença neurológica futura na criança.

Ele observa também que as crianças são muito expostas a vírus e isso, somado à deficiência de macro e micronutrientes pode impactá-las negativamente. “Alguns aspectos de risco da esclerose múltipla, por exemplo, são a baixa exposição ao sol, baixa vitamina D e obesidade infantil. Tendo consciência desses fatores, os pais podem evitar o máximo possível que a criança tenha alguma doença neurológica vindoura”, ressalta.