Dores de cabeça: quando devo me preocupar?
Mais de 30 milhões de brasileiros sofrem de cefaleia; na maior parte dos casos, a enfermidade tem evolução benigna, porém, há tipos que podem estar associados a condições graves
A dor de cabeça é um dos males que mais afetam a população. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCE), mais de 30 milhões de pessoas sofrem com a enfermidade. No mundo, a enxaqueca é a sexta doença crônica que mais impacta, atinge um bilhão de pessoas e é a segunda maior causa de incapacidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Há mais de 200 classificações para dores de cabeça na literatura médica, e as principais se dividem em três tipos: a cefaleia tensional caracteriza-se por dor fraca ou moderada que dá a sensação de cabeça pesada, pressionada, com possibilidade de piora ao final do dia. Já na cefaleia em salvas a dor é intensa, pode aparecer à noite de um lado só ou ao redor dos olhos. A enxaqueca, por sua vez, costuma ser unilateral, latejante, com intensidade que vai aumentando aos poucos; pode piorar com luz ou som e ser acompanhada de náuseas e/ou vômitos. A cefaleia tensional seguida pela enxaqueca é o tipo mais comum.
As cefaleias podem ser primárias (correspondem ao maior número de casos) ou secundárias. São consideradas primárias quando a própria dor de cabeça é a doença; a duração é de aproximadamente 48 horas e os sintomas melhoram com o tempo. Dentre os fatores que contribuem para o surgimento dessas cefaleias estão: apneia obstrutiva do sono, sono não reparador ou insônia, estresse, ansiedade e tensão, bruxismo ou briquismo (apertamento dental), consumo de bebidas alcoólicas ou alimentos processados.
As cefaleias secundárias correspondem a uma pequena parte dos casos e estão associadas a outras doenças; duram mais de 48 horas e os sintomas não melhoram com o tempo. Otite, intolerância alimentar, sinusite, tumor cerebral, acidente vascular cerebral (AVC), glaucoma, pressão alta, nevralgia do trigêmeo, aneurisma cerebral e problemas na coluna estão entre as possíveis causas desses tipos de dores de cabeça.
Devido às variações hormonais, as mulheres são o grupo mais vulnerável para as cefaleias: cerca de 20% da população feminina sofre de enxaqueca. Na maioria dos casos, a dor de cabeça tem evolução benigna, sem maiores repercussões, porém, há tipos que podem estar associados a uma condição grave. Portanto, é importante que o paciente com dores de cabeça frequentes e/ou intensas acompanhadas ou não de outros sintomas procure um especialista para fazer o diagnóstico correto por meio de exames de sangue, clínicos e neurológicos (como tomografia e ressonância), se necessário.
Como tratar?
De forma geral, existem opções de tratamento para a crise aguda e o preventivo para dores frequentes. As principais opções incluem analgésicos e anti-inflamatórios. O tratamento é indicado pelo especialista de acordo com o tipo da dor de cabeça. Vale lembrar que uma vida com hábitos mais saudáveis (combinando boa alimentação, exercícios físicos e sono reparador) é também um grande “remédio” que ajuda a evitar a cefaleia.
Riscos da automedicação
Por ser uma enfermidade conhecida, é comum que pessoas que sofrem de cefaleias façam um autodiagnóstico e, consequentemente, se automediquem, porém, essa prática é motivo de alerta, afinal, pode trazer grandes prejuízos como mascarar a causa da dor, aumenta as chances de reações adversas e efeitos colaterais secundários, ser um agravante para a cronificação das dores de cabeça primárias.